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Analise Gta San Andreas
Analise Gta San Andreas

Grand Theft Auto: San Andreas
PlayStation 2
"Você nunca sabe quando uma vítima de roubo de automóvel vai revidar com um taco de baseball..."


05/11/2004
da Redação


Existe cara nova na cidade. Carl Johnson - ou CJ para os outros membros da gangue - é o mais novo membro da família mafiosa de "Grand Theft Auto". Aliás, cidade não é o termo correto - San Andreas, diferentemente de Liberty City e Vice City, é um estado e esse salto é uma boa analogia para compreender a escala da mudança na mais nova obra-prima da Rockstar.

Assim como "Grand Theft Auto III" explorou o mundo de "O Poderoso Chefão" e "Vice City" revisitou a história de "Scarface", "San Andreas" não esconde sua inspiração nos filmes que retrataram a violenta situação das brigas de gangues na Califórnia dos anos 90. Surpreendentemente, CJ é provavelmente o mais honesto de todos os protagonistas da série: depois de passar cinco anos trabalhando em Liberty City, ele volta para Los Santos (inspirada em Los Angeles) para o enterro de sua mãe - e encontra os habitantes do bairro sofrendo nas mãos de outras gangues. A sua prioridade é, antes de mais nada, defender as famílias de Orange Grove, o que nem sempre é feito da maneira mais pacífica e educada possível.

Coisas para se fazer em Los Santos

Fãs da série vão imediatamente reconhecer a ação. Para os novatos (ainda existe algum?), o game traz uma série de missões que envolve algum tipo de transporte em veículos variados e/ou tiroteios. As primeiras horas de jogo seguem o tradicional sistema de tutorial da série, oferecendo breves explicações de texto. Elas serão importantes, já que o game é bem variedado: jogadores devem usar furtividade, participar de competições de dança, se exercitar e comer para manter o personagem em boa forma, invadir casas para roubar coisas, tentar a sorte no amor, vencer competições de low-riders (aqueles carros com suspensão modificada que saltam), personalizar CJ com roupas, tatuagens e penteados. Quando você acha que já viu de tudo, o game arremessa uma nova opção para dois jogadores ou uma cidade inteiramente nova. A quantidade de coisas para se fazer beira ao absurdo.

Variedade já era o tempero básico de "Grand Theft Auto", mas não é possível reforçar o suficiente como a nova leva de mudanças funciona com a mesma genialidade de antes. Pequenas alterações, como o ganho de experiência com armas, dirigindo ou se exercitando, torna o jogo mais acessível e dá ainda mais razões para gastar o dinheiro virtual conquistado. Quem jogou os títulos anteriores sabe: é possível passar horas só passeando pela cidade sem fazer nenhuma missão, e tentar vencer o jogo fazendo apenas o necessário pode levar trinta horas, mesmo para um jogador experiente. Mesmo assim você terá completado apenas metade das possibilidades.

Os objetivos são muitos, e a Rockstar soube aproveitar sua criatividade para produzir divertidas missões que vão colocar você em roubos a bases militares, saltos de pára-quedas, busca de informações, cobrir grafites de outras gangues, eliminar a tripulação de um barco e por aí vai. A produtora não economizou esforços na hora de abrir novas portas para a série. E não estamos nem falando da quantidade enorme de mini-games que vão de basquete a dardos, passando por videogames clássicos e outras surpresas. Os elementos de construção de império de "Vice City" voltam com força total, e ainda melhores. Afinal, você agora tem recriações de Los Angeles, São Francisco e Las Vegas para dominar.

Gangues de San Andreas

Dois elementos merecem destaque especial nesse game. O primeiro é o cuidado da Rockstar em criar um ambiente mais realista para o jogador. Assim como os pedestres estão espertos e reagem mais (e, em uma típica resposta de Los Angeles, você nunca sabe quando uma vítima de roubo de automóvel vai revidar com um taco de baseball ou até arma de fogo), a presença de diferentes gangues caracterizadas por roupas de determinadas cores ajudam a entender a presença de cada uma em determinadas áreas das cidades. Aliás, as pequenas diferenças entre os moradores dos bairros e cidades ajudam a criar um mundo mais imersivo para o jogador. Quem quiser estudar a rotina da vida urbana pode aprender as rotas de carros-fortes e descobrir novas maneiras de ficar rico facilmente.

A outra novidade digna de nota está diretamente relacionada à narrativa. Não apenas a Rockstar construiu uma trama ainda mais envolvente e com personagens muitos mais fortes, mas conseguiu reproduzir com surpreendente fidelidade a cultura dos guetos da Califórnia nos anos 90. Os personagens, seus diálogos e movimentos apenas ajudam o jogador a entrar ainda mais nessa guerra civil.

Problemas em um mar de diversão

Agora, se a pergunta é: a Rockstar corrigiu os defeitos dos games anteriores, a resposta é não. Com exceção da remoção do efeito de borrão luminoso, um excelente sistema renovado de mira para armas de fogo e uma melhora leve (mas significativa) no controle dos veículos, muitos pequenos problemas técnicos persistem: a polícia toma algumas atitudes injustas ao perseguir CJ, os postes de metal continuam caindo até com batidas lentas em motocicleta, os gráficos estão longe de ser os mais bonitos do PlayStation 2 e carros ficam presos em lugares bizarros. Mas tudo isso acaba se perdendo dentro de tudo que o game oferece de tão envolvente.

Apesar de ser conhecido dos antigos fãs, seria injusto não mencionar o magnífico trabalho da empresa no setor sonoro. Além da excelente dublagem, o game oferece no lugar de sua trilha sonora uma série de estações de rádio virtuais. Cada uma delas oferece uma grande variedade de músicas licenciadas de determinados estilos, completa com DJs (incluindo celebridades como George Clinton e Axl Rose) e propagandas hilariantes. É uma pena que o total domínio do inglês é essencial para poder aproveitar plenamente essa parte do game.

Devido ao seu conteúdo bastante adulto, envolvendo assassinatos, corrupção, assaltos, direção imprudente, prostituição, drogas e muitos outros elementos ainda mais pesados, esse jogo é recomendado apenas para maiores de 18 anos. 

"Grand Theft Auto: San Andreas" é o clássico (e bastante raro no mundo dos games) exemplo de jogo no qual a soma das partes é muito maior do sua simples adição. O game tem a habilidade única de se adaptar a qualquer coisa que o jogador tenha vontade de fazer, sem economizar diversão. Se você já tem sua carteira de motorista, está esperando o quê?

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